sexta-feira, 19 de junho de 2009

My Space

Uma das questões mais complicadas que uma banda como a nossa vive é a discussão eterna do que é global e regional. Anos atrás a produção cultural brasileira era restrita aos moldes sulistas, ou melhor, aos moldes cariocas e paulistas, aquilo não foi uma empreitada desses estados, mas sim uma tentativa fracassada da ditadura conseguir imprimir moldes únicos de criação musical, massificação barata da música brasileira. O que na verdade não chegou a render grandes frutos estéticos, principalmente pela resistência da música produzida em outras regiões.

Para afunilarmos o discurso, o nordeste foi um dos grandes alvos dessa tentativa de unificar a cultura. Mas se manteve firme e apesar das “sampas” da vida, ainda existia coisa pura como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Hoje nossa música é menos rechaçada, principalmente com o advento das novas tecnologias, novas mídias, que nos propiciam a produção independente, ou melhor, a reprodução e divulgação completamente independente.

O My Space é mais ou menos isso, um catalisador gratuito (aparentemente) das produções musicais. Tem de tudo, da pequena virgem que inventa de cantar coisas do Johnny Cash e de repente explode no país todo, ou talvez do Funk Como Le Gusta, que nunca esteve na grande mídia, mas se consolida no meio underground. Como é nosso também esse espaço, que nos da oportunidade de expor nossas músicas, aquelas mesmas, ensaiadas ali no CSU da Vila União, discutidas em bar e que, num clique é ouvida em Vancouver.

Outro grande aspecto da exposição gratuita na internet é a possibilidade de se intregar numa rede infinda. O lance de se fazer amigos no My Space é fundamental. Como disse o Miranda, precisamos ser amigos dos nossos fãs, precisamos estar num estado de relações pessoais. O ídolo inalcançável não existe mais. O músico é hoje mais uma figura que deve pertencer à noite e aos shows, na verdade, o músico deve ser acima de tudo: platéia.

sábado, 13 de junho de 2009

Dos ensaios e gravações...

Essa semana o bicho pega, vamos dar continuação no processo de gravação do EP. Domingo passado gravamos “Ela já não liga mais pra mim” e “Ogunhê”, a primeira foi gravada rapidamente, o “Drum and Base” orgânico do Anael deu o brilho final pra essa música que já era esperada por nós, agora é só partir para masterização e mixagem. Já a segunda música, que aparentemente no ensaio havia mostrado uma certa facilidade na execução, no estúdio, foi um pouco mais trabalhosa, porém já foi adiantada e essa próxima semana já deve estar no nosso my space.

Essa semana é mais ensaio e mais gravação. “23 de Abril” e “Baião de Blues” devem ser as próximas na gravação. Pelo jeito, tudo vai caminhar da forma que pensávamos, à seu tempo, sem pressa. A outra novidade é a participação de alguns integrantes do Vitrola no Projeto do João Hugo (percussionista), que coordena uma oficina de percussão com crianças a partir de 12 anos, onde explora basicamente os ritmos regionais (Maracatu, Afoxé, Coco, Cavalo-Marinho). Esse trabalho é muito valioso por contar apenas com a iniciativa do Hugo. O nosso vocalista, Anderson Camelo entrou para o projeto e vai ser o “Macumbeiro” do grupo, o puxador oficial.

O lance da manutenção das características populares nas comunidades de baixa renda é fundamental. Além da aprendizagem e valorização dos ritmos tradicionais, existe a confecção de instrumento e roupas, enfim, tudo no objetivo da inserção, ou melhor, da subtração desses jovens da marginalização. Cultura, arte e ciência, são os verdadeiros instrumentos de transformações adequados para os jovens. Torcemos pelo caminhar da empreitada. O Vitrola vai entrar contudo nessa parceria de mão dupla.