Uma das questões mais complicadas que uma banda como a nossa vive é a discussão eterna do que é global e regional. Anos atrás a produção cultural brasileira era restrita aos moldes sulistas, ou melhor, aos moldes cariocas e paulistas, aquilo não foi uma empreitada desses estados, mas sim uma tentativa fracassada da ditadura conseguir imprimir moldes únicos de criação musical, massificação barata da música brasileira. O que na verdade não chegou a render grandes frutos estéticos, principalmente pela resistência da música produzida em outras regiões.
Para afunilarmos o discurso, o nordeste foi um dos grandes alvos dessa tentativa de unificar a cultura. Mas se manteve firme e apesar das “sampas” da vida, ainda existia coisa pura como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Hoje nossa música é menos rechaçada, principalmente com o advento das novas tecnologias, novas mídias, que nos propiciam a produção independente, ou melhor, a reprodução e divulgação completamente independente.
O My Space é mais ou menos isso, um catalisador gratuito (aparentemente) das produções musicais. Tem de tudo, da pequena virgem que inventa de cantar coisas do Johnny Cash e de repente explode no país todo, ou talvez do Funk Como Le Gusta, que nunca esteve na grande mídia, mas se consolida no meio underground. Como é nosso também esse espaço, que nos da oportunidade de expor nossas músicas, aquelas mesmas, ensaiadas ali no CSU da Vila União, discutidas em bar e que, num clique é ouvida em Vancouver.
Outro grande aspecto da exposição gratuita na internet é a possibilidade de se intregar numa rede infinda. O lance de se fazer amigos no My Space é fundamental. Como disse o Miranda, precisamos ser amigos dos nossos fãs, precisamos estar num estado de relações pessoais. O ídolo inalcançável não existe mais. O músico é hoje mais uma figura que deve pertencer à noite e aos shows, na verdade, o músico deve ser acima de tudo: platéia.